Pode até soar cliché, mas eu realmente não tenho como descrever apenas com palavras de uma análise o sentimento de felizmente estar vivo e testemunhando o lançamento de uma remasterização de Tony Hawk’s 3 e 4, um game que até poucos meses atrás era só mais um projeto engavetado pela Activision.

Eu já falei na minha review de 1+2 como a série foi importante para mim não apenas nos games, mas fora deles tbm, como eu enchi o saco da minha mãe, em 1999 no auge dos meus 9 anos, pra ela me dar um skate de presente, tudo pq um dia um primo mais velho levou um cd piratão de ps1 de um jogo chamado Tony Hawk’s Pro Skater na minha casa durante as férias.

Eu pratiquei o esporte por mais de 20 anos, conhecendo todos amigos de adolescência que tinham a paixão pelas quatro rodinhas como gosto em comum, descobrindo e me apresentando bandas como Bad Religion, Millencolin, Dead Kennedys e Suicidal Tendencies, Tony Hawk nem imagina como a ideia de fazer um vídeo game mudou completamente a vida de um moleque de 9 anos aqui no Brasil, e se não fosse por essa série, eu estaria sei lá, num show de sertanejo hoje ao invés de escrevendo essa análise.

Eu tenho várias histórias com 3 e 4, como quando meu PS1 estragou e minha mãe levou pra consertar , eu cheguei da escola as 18hrs, naquela época estudava durante a tarde ainda, quando vi todo alegre o play consertado e com Tony Hawk’s 4 junto que tinha acabado de lançar em 2002, pouco depois comecei encher o saco pra ganhar um PS2 de presente pq “tony hawk’s 3 tem carinhas andando na rua (npcs) !” esse era o argumento principal, amigo meu zoa até hoje isso shuahsuahsuahsa, o terceiro jogo foi uma evolução bem grande principalmente na recém chegada geração dos 128 bits com nova engine e gameplay muito mais afinada. Em 2005 eu ganhei o grande PS2, American Wasteland era o jogo daquele ano e foi um dos primeiros jogos que joguei no console, ainda sem memory card, virando o jogo numa tarde de férias, quando meu PS2 estragou um outro conhecido levou Tony Hawks 3 original pra testar o console, cópia Japonesa, sei lá onde ele conseguiu, única coisa que meu ps2 ferrado conseguia ler, na época em que vc terminava o game várias vezes para desbloquear personagens, fases secretas e etc.

Mas enfim, acho que vc ta lendo isso aqui pra saber sobre os remasters e não sobre a vida do Gustavo né?
Tirando o elefante da sala, sim, tiraram o modo carreira tradicional do Pro Skater 4, não vou negar que seria bem legal ter ele completinho e remasterizado com todas as cutscenes e falas dubladas, porém também não sinto que é o fim do mundo, porque eles fizeram um trabalho muito bom em converter as fases do THPS4 para o modo de objetivos em 2 minutos e vc sente que a equipe da Iron Galaxy realmente colocou o coração e a alma nesse projeto. Do ponto de vista de alguém com longa bagagem na série, essa mudança é sim, muito bem vinda pq ao mesmo tempo que temos as mesmas fases já conhecidas de 23 anos atrás, temos a oportunidade de enxerga-las com outros olhos, e descobrir novos objetivos e desafios, isso é ótimo principalmente para dar um ar de novidade pra quem já conhece os jogos originais, não teria muita graça chegar num game novo já sabendo tudo né....

O jogo também conta com um “NG+” dessa vez, onde temos uma série de outros desafios, como os de coletar as letras COMBO, inclusive, colocaram os desafios de COMBO nas fases do THPS3, dando um ar de novidade para elas também.

O esquema de progressão e engine é a mesma de 1+2, pontos de stats pra coletar, o shape do skate escondido que veio do 3 Original, ícones de dinheiro para gastar na loja de secrets, peças e roupas, desafios extras, e uma loja com secrets bem legais que vão desde personagens como Andy Anderson e Bam Margera, além de Michelangelo das Tartarugas Ninjas, até efeitos de filtro antigo e etc, tudo está aqui pra ser alcançado novamente, e dão uma ótima sobrevida para games que tecnicamente, são rápidos de se terminar mesmo q vc seja horrível neles. Além disso para aqueles que preferem, a Iron Galaxy desenvolvedora do jogo, colocou uma opção que permite aumentar o tempo de completar os objetivos, dos clássicos 2 minutos por fase, para até UMA HORA, uma boa opção de acessibilidade para quem é novato, tem dificuldades, ou, só quer mesmo aproveitar mais e fazer as coisas no seu ritmo.

Graficamente, é um puta jogo bonito da porra, o remaster do 1+2 já tinha dado um excelente tapa no visual das fases, mas aqui eles foram ainda mais além, não tem uma única fase que vc não fica de boca aberta visto a quantidade de detalhes minuciosos presente nelas, principalmente se vc conheceu os games originais. Vi muitos fãs reclamando de algumas fases , principalmente do Zoo de THPS4 ter virado um simples mapa de competição com aparência abandonada, sinto a dor dessa galera, mesmo que não era minha fase preferida do 4 (Shipyard team aqui XD )

É de longe o game da série com a maior quantidade de personagens da história, um verdadeiro paredão que parece um Smash Bros kkkkkk, são simplesmente 30 profissionais (32 contando os secretos e 34 se vc contar os dois de Doom da Deluxe), e temos 3 brasileiros no elenco com Bob Burnquist, Leticia Buffoni que voltou do 1+2, e agora Rayssa Leal, cara é coisa de louco ser velho o suficiente pra ter visto ela despontando na internet depois de um vídeo compartilhado pelo próprio Tony e agora aparecendo num jogo da série.
Pra galera do online temos cross-play com até 8 players simultâneos, um parrudo editor de mapas onde agora vc pode criar objetivos personalizados e compartilha-los com a comunidade.

E não é só em gameplay que a série se destaca, uma coisa que pode ser considerada um capítulo à parte em toda a série...

É a sua trilha sonora

Confesso que fiquei levemente chateado conforme a trilha sonora ia sendo revelada nas redes sociais pq ao contrário do que aconteceu em 1+2, em 3+4 eles ousaram bem mais trazendo poucas músicas dos games originais, claro, alguns dos maiores clássicos ainda estão lá (Amoeba, The Boy who Destroy the World) e apesar de claro a nostalgia da trilha original falando mais alto dentro de mim, eu realmente não consigo ver esse jogo com outras músicas que não sejam as selecionadas para ele, pq tudo casa MUITO BEM. E claro se vc quiser também pode colocar um spotify de fundo com oq quiser ouvir.

Curiosamente na “wave 2” anunciaram Marcelo D2 oq foi até noticiado pela galera aqui no BR, mas sem explicações até agora, ele ficou de fora da trilha sonora, uma retirada de última hora.

Bom eu já escrevi duas páginas inteiras hora de concluir dizendo que se vc é fã, mas fã de verdade, é impossível não abrir um sorriso jogando esse remaster, principalmente se tem memória afetiva dos originais, deixe o preconceito de lado quanto as mudanças do 4, eu consegui vc tbm consegue, e olhe que o 4 é um dos meus games favoritos da série que fez muito parte da minha infância.

E eu vou encerrar da mesma maneira que encerrei a review do 1+2, dizendo obrigado ao Tony Hawk, um dos caras mais humildes que já colocaram os pés na terra, porém dessa vez, também posso agradecer a Activision (e principalmente a Iron Galaxy), por terem desengavetado esse projeto, eles fizeram esse cara de 35 anos ter 11 de volta. E pelo terceiro ano a nostalgia venceu, pois claramente esse pra mim, já é meu jogo do ano.

Será que teremos Underground 1+2? Tomara, eu com certeza estarei lá, tenho mais histórias pra contar!

Eu não preciso de mais de 2 minutos de jogo para escrever uma bíblia sobre Tomb Raider XD.

Como eu citei na análise do I-III Remaster, eu cresci jogando Tomb Raider desde 1996, inclusive, uma curiosidade que Tomb Raider IV The Last Revelation foi meu primeiro jogo original de PC lá em 2000 no tempo da saudosa CD Expert comprada numa das idas até o Carrefour.

Então novamente o core dos games se manteve intacto, você pode escolher entre a jogabilidade tank clássica (recomendo com ressalvas que vou citar mais abaixo) ou a moderna LAU (Legend, Anniversary, Underworld), onde vc tem controle total da câmera com o analógico direito (isso no controle). E claro alterar entre os gráficos originais e remasterizados com o apertar de um botão, o trabalho que já tinha sido bom no I-III aqui ficou espetacular, com muito mais detalhes nos cenários e inimigos.
Essa coleção como o nome já diz traz a remasterização de TR IV, V e VI, vamos destrincha-los brevemente abaixo

TR IV Last Revelations, o favorito de MUITA gente e com razão (ainda tenho o II como melhor mas o IV vem logo atrás XD ), começa com Larinha de 16 anos ainda uma estudante sobre a tutela do professor Werner Von Croy, no level que serve de tutorial para os novos movimentos, agora Lara por escalar cordas e usa-las para se balançar por vãos além de subir em pilares. No presente, Lara está no Egito, quando ela recupera o Amuleto de Hórus e no processo acaba sem querer querendo, libertando o espirito aprisionado de Seth. Agora cabe a Lara consertar as coisas.

Muitos dizem que Last Revelations tem uma progressão meio “metroidvania”, o que é um tanto verdade, você vai e volta por algumas fases depois de explorar outras abrindo um novo caminho, não é nada extraordinário, mas para os padrões de 1999? Bem interessante e cheio de fases memoráveis.

Chronicles, o V jogo começa com a suposta morte de Lara no final de Last Revelation, o jogo é basicamente o mesmo, de movimentos novos agora Lara pode se equilibrar em cordas bambas, Chronicles é um compilado de memórias passadas de Lara contadas através de seus amigos mais próximos, ele tem algumas fases legais apesar de grande parte parecer só reciclagem de outros mapas dos anteriores, destaque é para as últimas missões que são mais “inéditas”, principalmente Red Alert considerada uma das fases mais difíceis da franquia até hoje, trazendo um tom bem diferente da exploração de tumbas e mausoléus como dos outros jogos para um setting “Matrix” mais moderno, aliás 2001 quando Chronicles lançou, era o ano de Matrix kkkk.

E aí chegamos na cereja do bolo desse remaster

Tomb Raider VI ou Angel of Darkness

Angel of Darkness teve um desenvolvimento bem conturbado, numa nova engine a equipe da Core Design tinha a missão de trazer Lara para a nova geração no PS2, e digamos que eles tentaram dar um passo maior que a própria perna conseguia alcançar.

Com um tom bem diferente e mais dark, dessa vez temos Lara que era dada presumidamente como morta chegando em Paris a mando do também então dado como morto Von Croy contratado por Echkard para obter um artefato chamado de Obscura Paintings. Ao chegar em Paris, Lara descobre misteriosos assassinatos cometidos por um serial killer chamado de “Monstrum” entre os locais, e para desgraçar tudo, Von Croy é uma dessas vítimas, e agora Lara é tida como a principal suspeita pela morte de seu antigo mentor.

No conceito original, AOD teria uma progressão similar à de um RPG, onde certas ações suas no jogo controlando Lara renderiam skills que seriam usadas para abrir determinados caminhos e novos movimentos, essas skills vieram para substituir chaves e outros itens que eram usados em portas, no papel a idéia era muito boa.

O problema veio na prática, quando a equipe foi apressada para concluir o game a tempo de acompanhar a estreia de Lara nos cinemas com o primeiro filme da Angelina Jolie, e oq recebemos foi um game onde muitas das ideias que haviam sido planejadas, chegaram incompletas, sem contar os inúmeros bugs, o sistema de “barra de skill” ainda estava presente mas acabou se tornando mais um empecilho no caminho do jogador, vc precisava arrastar uma caixa para ganhar força e assim conseguir chutar uma porta para entrar num caminho que não era mais opcional, e sim obrigatório, em outro caso, onde teríamos opção de usar lojas com npcs para comprar armas, itens e munições foi completamente descartada da versão final tornando aquela rota sem sentido.

Mas entrando no remaster de 2025 é com água nos olhos que eu conto que muito do conteúdo que foi cortado conseguiu ser resgatado ou parcialmente resgatado, com ajuda de fans e modders do AOD original, o próprio time do remaster recomenda jogar AOD com os controles modernos pois os movimentos, como o de encostar na parede e atirar por cobertura nos inimigos, agora funciona, e é melhor com esse esquema de controles.

A loja de penhores e itens das ruas de Paris também foram recuperadas. Além da área de treino que pasmem tinha sido cortada do original e ensinaria o novo movimento de rastejar, agora voltou a existir no remaster.
AOD certamente é o grande destaque dessa trilogia, é um jogo extremamente injustiçado que finalmente recebeu o tratamento que merecia ter tido , mesmo que 23 anos depois.

Alias vale citar que Angel of Darkness está DUBLADO, assim como aconteceu com o remaster de Soul Reaver, AOD foi um dos games que receberam dublagem no lançamento original de PC e o pessoal da Aspyr / Saber trouxeram a dublagem para o remaster dessa vez sem necessidade de gambiarras XD

Já alonguei bastante por aqui, apenas pra recomendar o trabalho da equipe mais uma vez, que já foi excepcional com I-III e conseguiu elevar ainda mais o nível com IV-VI.